sábado, 15 de maio de 2010

Apaixonando-se


Baseado no livro “As Cinco Linguagens do Amor”, de Gary Chapman.
Todos concordam que estar apaixonado é um alicerce necessário para se manter um bom casamento. Na paixão, as pessoas ficam emocionalmente obcecadas pelo outro. Dor­me-se pensando no outro. Levanta-se e aquela pessoa é a primeira coisa que nos vem à mente. O rapaz apaixonado tem a ilusão de que sua amada é perfeita. A mãe pode ver falhas, mas ele, não. Somos levados a acreditar que, se realmente estivermos apaixonados, esse amor durará para sempre.
Infelizmente, a eternidade da paixão é uma ficção e não um fato. Eventualmente, todos nós descemos das nuvens e pisamos com nossos pés em terra novamente. Nossos olhos abrem-se e passamos a enxergar as “verrugas” da outra pessoa. Descobrimos que alguns de seus traços de personalidade são realmente irri­tantes. Seus padrões de comportamento aborrecem-nos. Pos­suem também capacidade para machucar e irar-se, e utili­zam também palavras duras e julgamentos críticos. Esses tra­ços que não percebemos quando estávamos apaixonados tornam-se agora enormes montanhas. Bem-vindos ao mundo real do casamento, onde fios de cabelo sempre estarão na pia e respingos brancos da pasta de dente estarão no espelho; discussões ocorrem por causa do lado de se colocar o papel higiênico: se a folha deve ser puxada por baixo ou por cima. E um mundo onde os sapa­tos não andam até o guarda-roupa e as gavetas não fecham sozinhas; os casacos não gostam de cabides e pés de meia somem quando vão para a máquina de lavar. Nesse mundo, um olhar pode machucar, uma palavra pode quebrar. Aman­tes podem tornar-se inimigos e o casamento um campo de batalha sem trégua.
O que aconteceu com a paixão? Será que foi realmente amor? Acho que sim. O problema é que houve falta de informação. A principal falha na informação é o falso conceito de que a paixão dura para sempre. Se as pessoas permanecessem obcecadas pela paixão, estaríamos em grandes apuros. As ondas da paixão iriam de encontro aos negócios, à indústria, à igreja, à educação e ao restante da so­ciedade. Por quê? Porque pessoas apaixonadas perdem o in­teresse nas outras coisas. Por esse motivo também chamamos a paixão de obsessão. Por exemplo, o estudante colegial que entra em uma “paixão avassaladora”, vê suas notas despencarem.
Uma vez que a experiência da paixão tenha passado, gradativamente a ilusão da intimidade dilui-se e os de­sejos individuais, as emoções, os pensamentos e os padrões de comportamento assumem seus lugares. Dr. Scott Peck concluiu que o apaixo­nar-se não é amor verdadeiro, por três razões: Primeira, apaixonar-se não é um ato da vontade nem uma escolha consciente. Por isso é que, muitas vezes, apaixonamo-nos no momento errado e pela pessoa errada! Segunda, apaixonar-se não é amor verdadeiro porque qualquer coisa que façamos apaixonados, requererá de nós pouca disciplina e esforço, mas atos do instinto (e não razão) para realizar atos inusitados (e não naturais). Terceira, a pessoa apaixonada não está genuinamente in­teressada em incentivar o crescimento pessoal da pessoa amada. A sensação é a de que já se chegou onde se deveria alcançar e não é necessário crescer mais. E nossa amada, naturalmente, tam­bém não precisa mais crescer, pois já é perfeita. Esperamos somente que ela mantenha essa perfeição.
Se apaixonar-se não é amor, então o que é? Dr. Peck afirma: “E um componente instintivo e geneticamente de­terminado do comportamento de acasalamento”. Trocando em miúdos: sexo e preservação da espécie. Após termos sido “fisgados” dentro da ilusão da paixão, encontramo-nos agora frente a duas opções: (1) estamos destinados a uma vida miserável com nosso cônju­ge, ou (2) devemos nos separar e tentar novamente? Nossa geração tem optado pela segunda opção, ao passo que a geração anteri­or escolheu a primeira. Antes de concluirmos automaticamen­te o fato de que fizemos a melhor escolha, devemos examinar os dados. Atualmente, 40% dos primeiros casamentos, nos Es­tados Unidos, terminam em divórcio; 60% dos segundos e 75% dos terceiros, também. Pelo que se pode ver, a perspectiva de um segundo e terceiro casamentos felizes, não é muito atingi­da.
Mas existe uma terceira e melhor alternativa: reconhecer que a paixão é o que é — um pico emocional temporário — e então desenvol­ver o amor verdadeiro com nosso cônjuge. Esse tipo de sen­timento é de natureza emocional, mas não obsessivo. É o amor que une razão e emoção. Envolve um ato da vontade e re­quer disciplina, pois reconhece a necessidade de um cresci­mento pessoal. Nossa necessidade emocional básica não é apaixonar-se, mas ser genuinamente amado (a) pelo outro; é conhecer o amor que cresce com base na razão e na escolha e não no instinto. Preciso ser amado por alguém que escolheu me amar, que vê em mim algo digno de ser amado. Esse tipo de amor requer esforço e disciplina. É a escolha que fazemos de gastar nossa energia em benefício da outra pes­soa, sabendo que, se sua vida é enriquecida por nosso esforço, também nos sentimos satisfeitos — a satisfação de termos real­mente amado alguém. Não exige a euforia na experiência da paixão.
Essa é uma boa notícia aos casais que perderam seus sentimentos de paixão. Se o amor é uma opção, então eles possuem a capacidade de amar após a experiência da paixão haver passado e regressarem ao mundo real. Esse tipo de amor inicia-se com uma atitude — o modo de pensar. Amor é a atitude que diz: “Sou casado (a) com você e escolho lutar pelos seus interesses!” Então, os que optam por amar encontrarão formas apropriadas para demonstrar essa decisão. Mas alguém pode comentar: “Isso parece tão estéril! Amor como uma atitude? Onde estão as estrelas cadentes e as fortes emoções? Onde ficam a ansiedade do encontro, a piscada de olho, a eletricidade do bei­jo e o entusiasmo do sexo? E a segurança emocional de se saber que ocupamos o primeiro lugar na mente da outra pessoa?
Aí é que está o detalhe. Você precisa aprender como suprir as pro­fundas necessidades de amor de uma pessoa. Se aprender­mos e optarmos por isso, então o amor que compartilhar­mos tornar-se-á melhor do que qualquer coisa que possa­mos sentir enquanto dominados pela paixão. Quando o “tanque do amor” emocional de seu cônjuge está cheio e ele se sente seguro de seu amor, o mundo todo fica mais claro e ele caminha para atingir o mais alto poten­cial de sua vida. Porém, quando este “reservatório” está va­zio e ele se sente usado e não amado, o mundo todo parecerá escuro e não conseguirá utilizar seu potencial de vida.

sábado, 27 de março de 2010

Amar é um Ato de Escolha





Baseado no livro “As Cinco Linguagens do Amor”, de Gary Chapman.
Como falaremos a linguagem do amor um do outro, quando nossos corações estão cheios de mágoa, raiva e res­sentimento por fracassos anteriores? A resposta a esta per­gunta encontra-se na essência de nossa humanidade. Somos criaturas que fazemos escolhas. Isso significa que temos a capacidade de tomar decisões erradas, o que todos nós já fizemos. Já criticamos pessoas e situações e magoamos mui­ta gente. Não nos orgulhamos dessas escolhas apesar de, no momento, termos justificativas para tê-las feito. Mas atitu­des realizadas no passado não implica que devamos tornar a fazê-las no futuro. Tenho visto casamentos que esta­vam à beira do divórcio serem resgatados após o casal tomar a decisão de se amarem na linguagem um do outro. O amor não apaga o passado, mas altera o futuro. Quando escolhemos expressar nosso amor de forma mais ativa, e utilizamos para isso a primeira linguagem de nosso cônjuge, criamos um clima emocional que pode curar as fe­ridas dos conflitos e fracassos de nosso passado.
É comum as pessoas terem um namoro muito legal e casarem-se muito apaixonados. Depois de casados, experimentam uma adaptação normal nos primeiros anos, mas sempre perseguem o sonho de uma vida tranquila juntos. Entretanto, após um determinado período, a nu­vem da paixão dissipa-se, e se eles não aprenderam a falar a primeira linguagem do amor um do ou­tro, certamente virá frases como “eu simplesmente não a(o) amo mais”, ou “nosso relacionamento esvaziou-se” ou “não tenho mais prazer com a companhia dela(e)”. Nesses casos, está hevendo uma confusão entre paixão” e “necessidade emocional” de sentir-se amado. Esses dois conceitos são completamen­te diferentes. A paixão está no nível dos instintos. Não é premeditada; simples­mente acontece em um contexto normal do relacionamento entre o macho e a fêmea. Pode ser fomentado ou abafado, mas não surge com base em uma escolha consciente. É de vivência curta e parece ser­vir à humanidade com a mesma função da chamada para o acasalamento dos gansos selvagens.
No entanto, depois de certo tempo, descemos das alturas para o mundo real. Paixão é temporária. A paixão supre, temporariamente, a carência emocional do amor. Passa-nos a sensação de que alguém se preocu­pa conosco, admira-nos e aprecia-nos. Entretanto, aqui está as chave, se nosso cônjuge aprendeu a falar nossa pri­meira linguagem do amor, nossa necessidade de sermos amados continuará a ser satisfeita. Se, por outro lado, ele, ou ela, não fala nossa linguagem, nosso “tanque” aos poucos secará, e deixaremos de nos sentir amados.
Suprir essa ne­cessidade de nosso cônjuge é, definitivamente, uma decisão. Quando a paixão terminar, isto quase não será percebido por ela, pois seu “tanque” emocional será sem­pre cheio. No entanto, se eu não compreender sua pri­meira linguagem quando ela co­locar os pés no chão, terá os anseios naturais de quem não possui as carências emocionais supridas. Em razão de viver alguns anos com o “tanque” do amor vazio, talvez venha a apaixonar-se novamente por outra pessoa e o ciclo outra vez se repetirá.
Sabiam que as estatísticas dizem que 60% dos segundos casamentos ter­minam em divórcio? Sabiam que o divórcio tem graves efeitos nos filhos? Que se você vai para um segundo casamento com os mesmos problemas (mal humor, esquisitices), esses problemas não se resolverão instantaneamente? Que a paixão é temporária e tem que haver alguma outra forma de suprir as necessidades emocionais? A dica para renovar o casamento é falar frequentemente a linguagem do amor um do outro e resolver, o quanto antes, os vários conflitos que certamente vão aparecer.
Mas o que fazer se a primeira linguagem de nosso cônjuge não for algo natural a nós? Existe somente uma razão para fazermos: Amor. Fazer só por amor. Daí, conclui-se que, quando você preci­sa fazer algo que não é natural, essa expressão de amor torna-se muito maior e mais significativa. A maioria de nós faz, diariamente, muitas coisas que não são naturais. Para alguns, o próprio levantar pela ma­nhã já é algo difícil. Porém, lutamos contra nossos sentimen­tos e saímos da cama. Por quê? Acreditamos que algo na­quele dia compensará aquele “sacrifício”. E, normalmente, antes que o dia termine, sentimo-nos bem por termos toma­do aquela decisão. Nossas ações precedem nossas emoções.
O mesmo ocorre com o amor. Descobrimos a primeira linguagem do amor de nosso cônjuge e tomamos a decisão de aprender a falá-la, quer ela nos seja natural ou não. Simples­mente, escolhemos fazê-lo para o bem daquele (a) a quem amamos. Com isso, seu “tanque do amor” enche-se e há chances de que a recíproca também ocorra de forma que ele também fale a nossa primeira linguagem. Amar é uma decisão. E cada cônjuge pode iniciar esse processo hoje mesmo.